O aparecimento de notícias como esta servem, infelizmente, para criar expectativas exageradas na população e justificam as políticas de fraco investimento na saúde mental dos cidadãos.
A utilização de novas tecnologias como adjuvantes nas intervenções é um campo promissor e poderá, no futuro, ter um papel mais relevante no alcance dos resultados desejáveis para as intervenções. Contudo, é exagero a reificação da plataforma, confiando que a existência de uma tecnologia é substitutiva da intervenção desenvolvida por profissionais que são formados ao longo de vários anos para o efeito. Ainda mais quando os resultados das intervenções demonstram que as técnicas contribuem com uma pequena parte para o resultado final da intervenção. Desta forma, afirmar que a aplicação faz psicoterapia é não só um abuso de linguagem, como uma extrapolação da eficácia para aquilo que pode ser um instrumento útil, mas limitado.
As questões da saúde mental são complexas e diversas, exigem recursos e profissionais formados para responder a essa complexidade e não se comprazem com visões simplistas.
É tempo de encontrar a forma de dotar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) dos recursos relevantes à resolução dos problemas da saúde mental dos portugueses, tão afectados nestes tempos de crise.
É necessário fazer da contratação de psicólogos para o SNS uma prioridade.
A Direcção
Lisboa, 26 de Maio de 2015