Dois milhões de portugueses celebram hoje o seu dia. Um quinto de nós tem mais de 65 anos. Este numero promete aumentar nas próximas décadas, com o aumento da esperança média de vida, a diminuição da natalidade e a emigração dos jovens portugueses.
Muitos destes idosos - leia-se pessoas cheias de idade - não necessitarão de atenção particular. Estarão a trabalhar com salário adequado ou estarão reformados, a participar ativamente na vida da comunidade e a ser apoio dos filhos e netos.
Mas muitos mais estarão sozinhos, com pensões miseráveis. Estarão doentes e/ ou dependentes. Muitos estarão privados do direito de tomar decisões sobre a sua própria vida.
As Nações Unidas escolheram como tema para este 1 de outubro de 2018 "Celebrating Older Human Rights Champions", num convite a celebrarmos os que, agora idosos, dedicaram a sua vida à luta pelos direitos humanos.
Em Portugal, é clara a necessidade de fazermos muitíssimo mais para garantir aos mais velhos um ambiente saudável e seguro, bem como cuidados de saúde física e psicológica, nunca abdicando de promover e facilitar a sua participação continua na vida social, económica, cultural, espiritual e cívica.É também clara a oportunidade para, neste dia e em Portugal, celebrarmos e enaltecermos os agora idosos que de forma persistente e heroica, lutaram contra a ditadura para nos permitir viver hoje em liberdade. Celebrar e enaltecer os agora idosos que criaram e que continuam hoje em associações e coletividades, em clubes de serviço, em projetos de voluntariado. E seguir o seu exemplo.É dia de ouvir as histórias destes heróis que vivem na nossa casa, na nossa rua, na nossa cidade. Dia de convidar estes heróis a ir às salas de aula dar lições de História que se tornarão inesquecíveis. Dia de juntar crianças e idosos que convivem num mesmo edifício sem nunca se cruzarem. Dia de lhes (e nos) dar tempo e atenção. E de fazer de cada dia, um dia assim.
Sabemos que vamos viver mais. Saibamos viver melhor, independentemente de mais ou menos cheios de idade.