"Paz é muito mais do que a ausência de guerra". Uma ideia que foi repetida por vários dos intervenientes do IX Seminário de Psicologia da Educação, que juntou centenas de psicólogos da área da educação esta quinta-feira, 5 de maio, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz.
"É um compromisso com os direitos humanos", frisou Raquel Matos na primeira conferência do dia. A Diretora da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa do Porto explicou como, ao longo da história, "a psicologia tem trabalhado muito mais para a guerra do que para a paz", como aconteceu na primeira e na segunda guerra mundial. "Temos de virar isto do avesso", defendeu.
Com um exemplo atual, a diferente forma como se olha para quem chega da Ucrânia ou do Afeganistão (apesar de ambos estarem em fuga de uma guerra), explicou como são negativos os "rótulos" e como é importante e necessário "trabalhar a empatia nos diversos contextos educativos".
Já na sessão de abertura, a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) Sofia Ramalho tinha destacado a importância dos psicólogos nas escolas para as respostas "aos desafios societais que encontramos neste momento. Desde as questões relacionadas com a pandemia, com o conflito armado, mas, acima de tudo, a todas as questões relacionadas com os conflitos internos, pessoais, de cada aluno e de cada agente da escola e das crises que, infelizmente, ainda poderão vir." Para que tal seja possível, a Ordem promete "continuar o trabalho e a missão na afirmação dos psicólogos em contexto escolar".
E, numa altura em que os jovens estão em "piloto automático, a viver um dia de cada vez e com baixas expectativas em relação ao futuro", a psicóloga e coordenadora do projeto Aventura Social Margarida Gaspar de Matos defendeu que "tem de haver espaço para o diálogo" nas escolas e que, depois do que se viveu com a pandemia, deve ser criado "um plano de contingência para ativar sempre que há problemas".
"O melhor que podemos passar numa situação de crise é informação fidedigna"
A intervenção psicológica em tempo de Crise foi outro dos temas abordados neste Seminário sobre Educação. Gabriela Salazar, psicóloga clínica e da saúde e perita em psicotraumatologia, frisou que "passar informação correta e fidedigna" a uma pessoa que está numa situação de crise é um dos passos mais importantes.
Explicou ainda que "a luta, a fuga, o congelamento e a acomodação são quatro comportamentos habituais numa situação de crise" e identificou sinais de alerta e algumas estratégias a adoptar.
Além das sessões principais, que decorreram no Grande Auditório, houve ainda sessões paralelas a decorrer em quatro salas em simultâneo. Numa delas, no auditório João César Monteiro, a vice-presidente da OPP Renata Benavente defendeu a "existência de serviços integrados" de psicologia, sublinhando que "as práticas colaborativas devem ser incentivadas e promovidas".
Esta é já a 9ª edição deste Seminário organizado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses em conjunto com a Direcção-Geral da Educação (DGE).