Órgãos e colégios

Bastonário

Escolhemos uma profissão já com história, mas essencialmente com muito futuro. Escolhemos uma profissão que está presente em todas as áreas da sociedade e ao longo de todo o ciclo de vida. Escolhemos uma profissão que em Portugal, embora nascendo antes da democracia e da liberdade, trazia já com isso os ventos da vontade de sermos mais. Escolhemos uma profissão empenhada na liberdade, pelo autoconhecimento, autonomia, desenvolvimento, e bem-estar daqueles com quem e para quem trabalhamos. Podemos estar orgulhosos do que construímos até aqui, nesta história de 50 anos de formação de psicólogos em Portugal e de 10 anos de regulação da profissão.

Foi feito por muitos e com muito esforço e dedicação de milhares de psicólogos e psicólogas e das suas famílias. Neste momento, também não posso deixar de agradecer o seu contributo e agora a sua confiança, bem como a sua participação.

Permitir-me-ão uma nota pessoal; pois posso através da minha voz pessoal, mas também, enfim, através dela simbolicamente por muitos outros, agradecer àqueles que são a minha família: meu pai, infelizmente falecido logo no início deste mandato que agora terminou, a minha mãe, que à distância vai dizendo sempre presente, ambos incondicionalmente responsáveis e trabalhadores incansáveis para que eu pudesse construir o meu caminho. Os meus filhos, que me lembram as minhas obrigações sobre o futuro, e à minha companheira, que me transmite a força e apoio com o seu sacrifício pessoal para me dedicar a esta missão. Tenho a responsabilidade de preparar a Ordem dos Psicólogos para continuar a responder às suas incumbências legais, mas também às necessidades dos Portugueses. De ter uma voz que advoga pela saúde psicológica, pelo bem-estar, e por políticas públicas cujo centro sejam as pessoas, não no sentido do interesse individual apenas, mas sim integrado no interesse colectivo inclusivo e de desenvolvimento económico com coesão social.

A equipa que liderarei a partir de agora tem também a responsabilidade de trabalhar não só para a continuidade da resposta da Ordem dos Psicólogos Portugueses aos seus membros e comunidade com os seus recursos, mas também preparar o futuro sustentavelmente, não apenas numa lógica de melhoria, mas também, e principalmente, de diferenciação e inovação como até aqui garantindo assim uma organização pronta para este mundo cada vez mais de incerteza e volatilidade, não só no presente mas para os anos vindouros. Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, dirijo-me agora a si para no momento como este essencialmente reconhecer o mérito pela decisão de ter este Governo criado o histórico serviço de aconselhamento psicológico na linha SNS24. E a coragem de terem decidido pedir o nosso apoio e aceitar o nosso contributo para a sua construção. Nesta que é uma fase tão difícil da vida de todos nós, ao sermos confrontados com um desafio que há muito não era enfrentado, este foi um momento importante e ainda é hoje um serviço importante. É certo que muito há ainda para fazer. Sabemos, todos sabemos. Todos somos poucos também para fazer face a este desafio. Senhor Secretário de Estado, o Governo contará, continuará a contar, com as nossas propostas e contributos, com os nossos alertas veementes, e com o nosso desassossego. Até hoje não nos equivocámos sobre o papel e competências que nos foram delegadas pelo Estado Português e a elas nos mantemos fiéis resistindo ao facilitismo, populismo, e confusão entre o nosso dever de missão e aquilo que, embora possa ser necessário, desejado, e legítimo, em termos de aspirações de uma classe, não possa ser perseguido por uma Ordem Profissional nos termos da Lei. Estamos empenhados no desenvolvimento e dignificação profissional como forma de cumprirmos o desígnio dos nossos serviços estarem cada vez mais ao serviço das populações. Foi esta visão, a sua estratégia, e programa que os psicólogos e as psicólogas escolheram nas últimas eleições.

Será esse o programa que executaremos fiéis aos compromissos que assumimos. O reforço do número de votantes nestas eleições com a consequente redução da abstenção, é um sinal de esperança no envolvimento crescente dos psicólogos e das psicólogas na vida da sua Ordem.

O crescimento da percentagem daqueles que em mim e na nossa equipa votaram é uma responsabilidade acrescida. A confiança em nós depositada virá acompanhada de uma atitude de inclusão, de diferentes propostas, desde que não contrárias à vontade e princípios escolhidos, mas num diálogo que permita incorporar e complementar diferentes sensibilidades e opiniões dos membros.

A nossa matriz continuará a ser a que tem sido. E embora tenha sido positivo aquilo que assistimos neste processo eleitoral e estes crescimentos, por outro lado, a abstenção ainda é grande e é um contínuo alerta para a necessidade de continuarmos o esforço de mobilização dos psicólogos, de inclusão, e de envolvimento, cientes que só desta forma construiremos uma Ordem mais forte e mais próxima. Prosseguiremos persistentemente no contributo e na construção de soluções para garantir que, para além dos interesses corporativos, estaremos sim a facilitar o acesso das pessoas aos serviços prestados pelos psicólogos, mas não só na saúde mental, não só na saúde em geral, mas sim na resposta aos desafios sociais com que nos deparamos e para os quais estamos convocados. Na defesa das novas e das próximas gerações. Como disse há já uns anos, a psicologia está em toda a parte, os psicólogos é que ainda não. Mas agora acrescento: mas estão cada vez mais.

Somos os profissionais da ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. Somos 23.000. Somos uma profissão jovem e com bom acesso para aqueles que a querem exercer. Somos todos os anos mais cerca de um milhar. Somos indispensáveis para mais e melhor saúde e bem-estar, educação, justiça e equidade, trabalho sustentável, resposta capaz à crise climática, envelhecimento, resposta às migrações, combate à pobreza e exclusão, ou para a construção da paz. Somos cada vez mais reconhecidos. Precisamos de ser ainda mais valorizados. Os psicólogos e as psicólogas podem contar com a sua Ordem cada vez mais próxima.

O país pode contar connosco. Muito obrigado.*

*Discurso de tomada de posse a 22/12/2020.

 

Carta aberta ao Presidente da República

Esta é uma iniciativa que nasceu em 2018 por proposta do Bastonário Francisco Miranda Rodrigues. Desde então todos os anos o Bastonário escreve ao Presidente da República, em nome dos psicólogos, fazendo um balanço das iniciativas do ano transacto e projectando a curto prazo quais são os principais desafios da profissão. Nesta carta é ainda solicitado apoio para algumas acções.

Para consultar as cartas clique nos links abaixo:

Fevereiro de 2018

Abril de 2019

Julho de 2020

Setembro de 2021

Setembro de 2022

Dezembro de 2023